domingo, 21 de fevereiro de 2016

O Quarto de Jack - Profundo, tocante e muito sensível.

Depois que você assiste O Quarto de Jack vem uma dúvida cruel: seria melhor saber ou não saber sobre a história que inspira o filme? Esse detalhe faz uma enorme diferença. É uma história muito delicada e muito difícil de ser contada, principalmente no que se refere sob que perspectiva a narrativa é apresentada. Mas O Quarto de Jack acertou em cheio, pois baseado no romance de Emma Donoghue, traz a história de uma menina abusada e mantida em cativeiro por anos, que tem seu filho dentro de um quarto, e tudo isso contado a partir do ponto de vista da própria criança. Vale lembrar que a inspiração do romance é a história da menina austríaca, que foi sequestrada e confinada por anos, caso que ficou famoso no mundo inteiro.


Jack, interpretado de maneira tocante por Jacob Tremblay, não conhece nada além das paredes e da clarabóia do quarto. Sua mãe, encenada de maneira irretocável pela vencedora do Globo de Ouro (e minha favorita para o Oscar) Brie Larsson, tenta de todo modo suavizar a vida difícil de ambos, criando quase que um universo paralelo e vínculos fortes de amor e carinho. O filme tem diálogos emocionantes e nos apresenta uma profunda reflexão sobre a relação de amor entre mãe e filho e sobre a capacidade humana de encontrar esperança em momentos tão sombrios.


Além das atuações primorosas, a obra tem como pontos fortes o roteiro, que também levou o filme à indicação em Roteiro Adaptado, os enquadramentos perfeitos das cenas e a dose (nem fraca, nem exagerada) de suspense. Pena que toda essa tensão, que era crescente e levava o público à alguns saltos na poltrona, cai vertiginosamente e faz com que a narrativa perca um pouco seu ritmo a partir do momento que eles se deparam com o mundo exterior. Mas calma, nada que o tire o brilho do filme.


"Lá fora" a preocupação é descortinar esse mundo novo à Jack. Um "quarto maior"! É sob essa lente que a criança enxerga o mundo exterior e aí percebemos todo o dano emocional causado pela tragédia pessoal vivida por eles. O Quarto de Jack é profundo, tocante e muito sensível, principalmente por não ter nos trazido a história de um sequestro, mas sim toda a questão emocional envolvida nesta trama. Apesar de todos os elogios e de "valer a pipoca", não deve levar melhor filme. Mas Brie Larsson, olho nela! Vem com muita força para "roubar" a estatueta de Melhor Atriz da midiática Jeniffer Lawrence.

Por Thiago Sales

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