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domingo, 6 de novembro de 2011

A Pele Que Habito

Tenho que admitir: Estou em débito com Pedro Almodóvar.

O último filme que vi dele foi Fale com Ela. Excelente. Mas tive alguns contratempos que me fizeram não assistir seus últimos três filmes: Má Educação, Volver e Abraços Partidos.

Vocês não têm idéia


Como não assisti estes filmes, não posso dizer se voltei em grande estilo, mas posso, SIM, dizer que voltei em grande estilo. Este A PELE QUE HABITO é um exercício de suspense como há muito não se vê no cinema atual. Como todo filme do Almodóvar, é muito bem construído. Baseado no livro "Tarántula" de Thierry Jonquet, o filme conta a história do Dr. Robert Ledgard (Antonio Banderas - que bom voltar a ouvi-lo falando em espanhol), renomado cirurgião plástico, que, desde que sua esposa sofreu queimaduras em todo o corpo em um acidente de carro, se interessa (na verdade, fica obcecado) pela criação de uma pele que poderia ter salvo a vida dela. Doze anos depois ele consegue criar esta pele, sensível a carícias, mas ainda uma armadura contra qualquer tipo de agressão.

Ele parece o cientista maluco do Pica-Pau

Ele vai utilizar esta nova pele em uma cobaia humana... -- Agora, tenho que fazer uma pausa dramática, porque tenho que pensar em como continuar sem contar a história... -- Enfim, ele vai testar esta pele em uma cobaia humana contra a vontade dela... (Acho que é a melhor maneira de contar sem estragar o final.) É uma história kafkiana, pois a personagem principal entra em um rumo o qual não poderá voltar. Vera (Elena Anaya) troca toda a sua pele, mas não a sua identidade (a identidade e sua invulnerabilidade é outro dos temas do filme). Depois de muitos acontecimentos, ela decide que deve aprender a viver dentro da pele que habita.

Isto é antes


O filme tem todos as principais características de Almodóvar: sexo, violência, conflitos familiares muito tensos (aliás, o filme É muito tenso...). Podemos notar o tempo todo que é um Almodóvar puro. Mas notamos também que é algo diferente.Apesar de parecer um pouco com os filmes antigos de Hitchcock, o filme segue um rumo todo próprio de suspense. Na verdade, não conseguimos nem mesmo identificar a que gênero este filme pertence. É muito difícil precisar.

Isto é depois... Ficou linda!

Esqueçam todas as sinopses que vocês por acaso leram sobre este filme. Assistam, pois é fenomenal!

Ricard Wolney


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Festival de Cannes

Começou na última quarta-11 o festival mais bonito do planeta. Cannes pode não ser o festival mais importante (apesar de para alguns ele realmente ser), mas é o mais sedutor e com mais "glamour".

Poster do 64. Festival de Cannes

O Oscar, com certeza é o que tem a maior visibilidade e o mais importante, pois tem a maior transmissão, é um evento de um dia só, enquanto Cannes, Berlim e Veneza são eventos de vários dias. Cannes vai até 22 de Maio, próximo domingo, quando saberemos o ganhador.

O Festival de Cannes tem uma série de especificidades. Pra começar, são várias seleções. Além da Seleção Oficial (que é a que dá a Palma de Ouro), tem a seleção Un Certain Regard, a seleção Cinéfondation, cada uma com uma variedade de países e estilos, muito interessante. Nos últimos sete anos os ganhadores da Palma de Ouro vieram de sete países diferentes (na ordem, Tailândia, Áustria, França, Romênia, Irlanda, Bélgica e EUA). Isto mostra a força da diversidade no festival.

Na Seleção Oficial, este ano contamos com diretores importantes como Terence Malick (diretor americano que só fez cinco filmes na carreira, mas cada um melhor que o outro - Além da Linha Vermelha foi o único que vi e é excepcional), Nanni Moretti (diretor italiano que tem como principal característica fazer filmes políticos), Lars Von Trier (diretor dinamarquês que fundou o Dogma 95 - que faria uma revolução no cinema, mas que só fez um filme com estes preceitos - Os Idiotas. Fez outros filmes excelentes como Dançando no Escuro e Dogville), os irmãos Luc e Jean Pierre Dardenne (cineastas belgas duas vezes ganhadores de Cannes) e Pedro Almodóvar (preciso apresentar?).

O Júri é outro caso à parte. Todo ano é escolhido (infelizmente não sei por quem é escolhido) um presidente e o deste ano é Robert de Niro, tendo ainda como colegas do Júri, Jude Law e Uma Thurman. Todo ano é assim, com figuras muito importantes do cenário cinematográfico mundial.

Júri Oficial

Os dois grandes favoritos são Terence Malick com A Árvore da Vida e Pedro Almodóvar com A Pele Que Habito. O primeiro, ambientado nos anos 50, fala da história de uma família com seus três filhos, marcada pela perda do mais novo. O segundo é a primeira experiência de Almodóvar com o terror psicológico, onde ele volta a trabalhar com Antonio Banderas, com quem tinha feito quatro filmes seguidos entre 1986 e 1990, depois de vinte e um anos.

Fora de competição temos Woody Allen lançando Meia Noite em Paris, com Owen Wilson e Carla Bruni), Jodie Foster com o polêmico O Castor com Mel Gibson e Rob Marshall lançando Piratas do Caribe 4.

 Woody Allen, Owen Wilson e Rachel MacAdams (11/05)


 Johnny Depp e Penelope Cruz  (14/05)

 Johnny Depp em Cannes (14/05)


Na mostra Un Certain Regard temos um filme brasileiro, Trabalhar Cansa de Marco Dutra e Juliana Rojas. Não dá pra falar muito já que ele não estreou nos cinemas daqui.


É isso! Não podemos esperar muito (enquanto brasileiros) de um festival onde não temos nenhuma tradição (ou quase nenhuma, já que ganhamos a Palma de Ouro com O Pagador de Promessas em 1962, e ganhamos mais dois prêmios de atuação com Fernanda Torres e Sandra Corveloni e mais um de direção com Gláuber Rocha). Mas enquanto cinéfilos é esperar pra ver os ganhadores e correr pra ver nos cinemas os melhores filmes (que provavelmente só sairão no circuito de arte).

Ricard Wolney