sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ponte dos Espiões – Brigaria pelo pódio, se houvesse um!

Um blockbuster sobre Guerra Fria


A nossa maratona do Oscar 2016 começa em grande estilo com um dos melhores filmes de 2015, Ponte dos Espiões. Dirigido e produzido por Steven Spielberg, o drama baseado em fatos reais tem como pano de fundo a Guerra Fria e o já “batido” tema EUA x URSS. Mas não se deixe enganar, pois o filme, nem de longe, é ufanista ou exalta o militarismo e o patriotismo norte americano. Pelo contrário, há um claro esforço em retratar os dois “fronts” da guerra. 


Abel e Donovan - URSS x EUA
O “artista do filme”, como diz o meu pai se referindo ao protagonista, é um antigo parceiro de Spielberg, Tom Hanks (O resgate do soldado Ryan, Prenda-me se for capaz e O terminal). Ele está impecável na pele do advogado James B. Donovan, que em 1957 é designado para defender o espião russo, capturado em Nova York, Rudolf Abel. Abel é interpretado pelo inglês Mark Rylance e acaba sendo o ponto de equilíbrio da trama. A partir daí, vemos um Donovan (Tom Hanks) dedicado a defesa de seu cliente e trabalhando aparentemente contra toda a opinião pública e as instâncias de direito dos EUA, pois todos querem “a cabeça” de Abel. 


James Donovan, um cara consciente de sua missão
O jogo vira e o filme dá uma guinada quando um piloto e um estudante americano são capturados no lado soviético. Então Donovan, que ganhara notoriedade defendendo o espião russo, é encarregado de fazer a troca dos prisioneiros, e o pior, sem o suporte de uma missão diplomática oficial. Aí fica evidente o grande debate da trama, que é a defesa dos direitos humanos e a capacidade de enxergar no inimigo um semelhante. Aliás, aí está também a genialidade de Spielberg, que explorou um tema político e humanista, como em Cavalo de Guerra e Lincoln, mas de maneira diferente, pois não coloca Donovan como o “mocinho” habitual, mas apenas como um cara decente e sagaz, que não abre mão de sua missão e é capaz de transitar bem pelos dois lados da guerra.


Vale lembrar que o roteiro também é assinado pelos irmãos Coen. O próprio Spielberg atribui a eles a profundidade dos diálogos e dos personagens e todo o toque de ironia e de humor sarcástico do filme, pois há um evidente desencanto com o sistema corrupto e imoral da época. 

Belíssima cena com neve em Berlim Oriental
Quanto ao aspecto técnico, podemos dizer que a obra é muito bem construída. Não temos cenas eletrizantes de ação, muitos efeitos especiais, movimentos de câmera inovadores, mas em compensação temos emoções e suspense capturados em fina harmonia e uma construção visual perfeita e que dá identidade ao projeto do filme. Ponte dos Espiões é belíssimo, com um excelente enredo, elementos visuais muito bem trabalhados e um roteiro impecável. Não é à toa que concorre em outras quatro categorias além da principal. 

Vale a pipoca, sim!! Mas não leva Melhor Filme, não! Brigaria pelo pódio, se houvesse um!!!

Por Thiago Sales
 

domingo, 24 de janeiro de 2016

Oscar 2016

Eu nunca fiz um apanhado geral dos indicados ao Oscar, apesar do quê, sempre faço minhas observações. Mas tudo tem uma primeira vez. Vou fazer um levantamento, e quem me conhece sabe que gosto muito de números, portanto, vamos aos números do Oscar 2016...

O filme com o maior número de indicações é O Regresso, com 12 indicações. Isto faz dele o provável vencedor? Nem sempre o ganhador é o que tem o maior número de indicações, mas dessa vez acho que não tem nenhum filme para batê-lo. Ele concorre a três dos cinco principais prêmios (Filme, Diretor, Ator, Atriz e Roteiro), sendo eles Filme, Diretor e Ator, mas não concorre a Roteiro o que me deixa com um pé atrás quanto ao filme.

Será que é dessa vez, Leonardo?

O segundo é Mad Max... Bem, não o assisti, mas quem o viu o considera um dos melhores filmes do ano. É incrível que um blockbuster esteja entre os principais indicados, mas quando olhamos bem os números percebemos que fora o de Melhor Filme, todas as outras indicações são técnicas, o que faz com que o filme seja tecnicamente perfeito e, provavelmente, não tão bom em termos de atuação e roteiro, pois nem a isso ele foi indicado. É a primeira vez que um blockbuster concorre a melhor filme desde a série O Senhor dos Anéis, o que o torna um filme que deve ser visto.

Mario Kart - Apocalipse Edition

Quanto aos outros, acho que o grande perdedor da noite será Perdido em Marte, que foi indicado a sete prêmios, mas não conseguirá nenhum, apesar de ser, talvez, o filme mais agradável de se ver deste ano.

Da Próxima Vez Ele Será Deixado Para Trás

Este foi um ano de muitos filmes baseados em fatos reais, assim como o ano passado. Tradicionalmente, Hollywood coloca um ou dois filmes com este estilo, mas ano passado com cinco e este ano, com seis filmes ela saiu da curva. São eles: A Grande Aposta, Brooklyn, Ponte dos Espiões, O Quarto de Jack, O Regresso e Spotlight. Será que os roteiristas estão sem ideias novas e se aproveitando de bons livros?

Os três melhores filmes, na minha opinião, que talvez não queira dizer nada, pois não os assisti, são A Grande Aposta, Spotlight - Segredos Revelados e O Quarto de Jack. São filmes com a cara do Oscar, com elenco e roteiro excelentes baseado em fatos reais (olha aí eles aparecendo). Minha aposta (sem trocadilho, ok?) é que se tem um que possa tirar o Oscar de O Regresso é A Grande Aposta.

Grandes Atores em um Grande Roteiro - Uma Grande Aposta

Para terminar (e para não me alongar muito) não temos nenhum filme concorrendo a um novo espetáculo cinematográfico, explico... Nenhum deles concorre aos cinco grandes. Incrivelmente o maior indicado é O Quarto de Jack que concorre a quatro grandes: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz e Melhor Roteiro. Faltou apenas Ator para fechar o Big Five e teríamos uma grande surpresa este ano.

Incrível como a história deste filme pode ser assustadora

Não falei de nenhum filme tratando de roteiro, direção, atuação e afins, pois não os assisti e temos um cinéfilo louco para falar sobre eles (está contigo Thiago).

É isso... No próximo post falarei sobre os prêmio técnicos...

Ricard Wolney

sábado, 16 de janeiro de 2016

Alan Rickman

Um dos atores ditos “menores” mais amados do cinema.
Assim poderíamos chamar Alan Rickman.

Até a próxima, Alan...

Quando dizemos seu nome, poucas pessoas ligam imediatamente o nome à pessoa.
Mas basta falar, o Xerife de Nottingham, ou, principalmente para a nova geração, o Professor Snape da série Harry Potter que imediatamente sabemos de quem estamos falando.

Um ator que começou tarde na carreira. Só aos 26 anos começou no teatro e só aos 42 chegou ao cinema. E justamente em Duro de Matar, interpretando um vilão, Hans Gruber, marca que carregaria por toda a carreira. Pode ser pelo rosto estranho, meio duro. Mas ele fez muitos vilões marcantes, como os já referidos Xerife, Hans Gruber e Snape.

O cara era bonitão quando jovem...

Seria muito óbvio falar dos filmes mais conhecidos, como os três acima, mas vou falar dos que mais gosto, as comédias: Dogma, Simplesmente Amor e O Guia do Mochileiro das Galáxias.

Em Dogma (leia mais aqui) ele tem um pequeno papel como o Anjo porta-voz divino, Metatron. É pequeno, mas é bem marcante sendo ele a Voz de Deus... Em uma comédia que vira todos os dogmas da igreja de cabeça para baixo, até que seu papel é bastante convencional, mas não deixa de ter alguns trechos bem interessantes.

Se não for feito um sobre algo, não vale a pena conhecê-lo, não é?

Simplesmente Amor é uma comédia no sentido inglês. É mais uma comédia dramática, como alguns filmes são classificados hoje em dia. São sete histórias, cada uma falando sobre amor das mais diferentes formas. Rickman é o marido da Emma Thompson que desconfia que ele o esteja traindo. A atuação simples contrasta com todas as atuações como vilão que ele já fez.

Um lindo casal à beira do colapso

N'O Guia do Mochileiro das Galáxias, ele faz a voz do androide paranoide Marvin. Um sujeitinho (um robozinho, na verdade, mas que a gente esquece no decorrer do filme) pessimista, depressivo, reclamão e que não tem a menor vontade de ajudar a equipe, mas acaba ajudando mesmo assim. A voz marcante de Alan Rickman deixa as frases do androide ainda mais engraçadas: “Ah, a Vida! Pode-se odiá-la ou ignorá-la, mas é impossível gostar dela.”

A vida! Não me fale sobre a vida...

É isso. Alan Rickman se foi e deixou uma legião de velhos e novos fãs. É uma pena que os 69 sejam os novos 27 e que, como disse uma amiga minha, o câncer é a nova heroína.

A Vida não é Justa


2016... Você não está fazendo isso direito...