domingo, 21 de agosto de 2011

Inverno da Alma

*Postagem original em 25/02/2011. É o único post escrito pelo talentoso webmaster Jeferson Santos. Vamos fazer campanha pra ele nos brindar com mais de seus textos?

Tudo parecia surpreender, a começar pelo título perfeitamente harmonizado com ambiente cênico e mais ainda com o desenrolar da frieza das relações que o filme aborda. Talvez isso, somente isso, haja garantido ao “Inverno da alma” a condição de indicado ao Oscar de melhor filme. O suspense indicado no gênero ficou só no trailer, pra variar. É um grande drama, claro, mas, acho fora dos padrões de superprodução, elenco quase extraplanetário, e trama surpreendente que o Oscar contempla.
Por mais paradoxo que pareça, a lentidão do roteiro consegue te manter preso até o fim, talvez pela expectativa causada com a classificação de suspense, não sei.
A atuação de Jennifer Lawrence (Ree Dolly) também não representou ameaça ao Oscar da Natalie Portman. Certo, foram personagens de densidades diferentes. Uma prova disso é que todas as falas da Ree são contidas. Sua única cena de choro, enquanto pede ajuda a sua mãe com uma singularidade infantil, não tem espaços para o furor de emoções, como teve a Nina na maioria de suas cenas. A personagem da Jennifer se demonstrou o mais real possível, por isso aparentemente normal. Já o John Hawkes dispensa comentários. Apesar de a participação de seu personagem, Teardrop, tio de Ree, ter sido rápida, ele conseguiu magistralmente dar o peso necessário pra que não se tornasse efêmero, o que seria plenamente possível, mesmo sendo um personagem chave. O olhar marcante e as fortes feições atenderam ao seu caráter essencial na trama. Merecidíssima indicação ao Oscar de Ator Coadjuvante.
“Não é um filme do tipo ‘Você tem que assistir!’. Está mais para ‘O que você achou?!’”
Mesmo assim, sob a direção da desconhecida Debra Granik, concorreu a quatro estatuetas: Melhor Filme, Atriz, Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante. Não levou nenhum Oscar, talvez por ter sido indicado em categorias bem concorridas e com candidatos mais fortes. Vencedor do grande prêmio do júri em Sundance, o longa já acumula quase 20 prêmios e mais de 40 indicações em festivais mundo afora.
Jeferson Santos

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